Baixa complexidade

Coito Programado

O coito programado é um tratamento de baixa complexidade em reprodução humana. Geralmente é recomendado quando a mulher possui tubas pérvias e o parceiro apresenta o sêmen também normal.

Consiste em uma indução da ovulação com acompanhamento ultrassonográfico. Durante o período ovulatório, o casal é orientado a ter relações sexuais.

Inseminação Intrauterina

Consiste em estimular a ovulação com auxílio de medicamentos e melhorar as condições do sêmen em laboratório, para então depositá-lo no útero. Essa estimulação ovariana tem por finalidade produzir 2-3 óvulos por ciclo de tratamento e fazer com que sejam liberados no momento apropriado. No horário estabelecido, o cateter é introduzido no útero e os espermatozoides são depositados no ambiente uterino. Essa técnica tem como objetivo aproximar os espermatozoides do óvulo, para excluir obstáculos e facilitar o caminho até a tuba uterina, onde ocorre a fertilização.

As taxas de gravidez após o tratamento oscilam entre 15-20% por tentativa. Recomenda-se, no máximo, três repetições. Em caso de insucesso, o ideal é planejar o início dos tratamentos de maior complexidade (FIV / ICSI).

É indicada para pacientes com tubas uterinas normais e com problemas relacionados com muco cervical hostil, endometriose leve, parceiro com alterações leves no espermograma ou esterilidade sem causa aparente (ESCA).

Alta complexidade

Fertilização in Vitro Convencional (FIV)

A Fertilização in Vitro convencional foi utilizada com sucesso pela primeira vez em 1978 e atualmente ainda é uma técnica muito utilizada no campo clínico, com mais de 1 milhão de crianças nascidas no mundo todo. É uma metodologia que consiste em obter a fertilização do oócito fora do corpo materno e posterior transferência uterina.

Os óvulos são obtidos mediante estimulação ovariana controlada e colocados em contato direto com os espermatozoides oportunamente preparados e selecionados. É indicada nos casos nos quais ocorreram falhas repetidas utilizando-se técnicas de baixa complexidade, como coito programado e inseminação intrauterina, ausência ou obstrução tubária, endometriose severa e fator masculino moderado, entre outros.

Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide (ICSI)

ICSI é uma técnica na qual um único espermatozoide é injetado dentro do oócito, através de um sistema de micromanipuladores que utilizam micropipetas acopladas a um microscópio invertido. Os oócitos são obtidos após estimulação ovariana controlada, de modo que um grande número de folículos seja recrutado.

Esta técnica surgiu no início dos anos 90 como uma solução para a maioria dos casos de infertilidade masculina severa, ou seja, que apresentam uma quantidade muito baixa de espermatozoides.

É indicada também nos casos nos quais ocorreram falhas repetidas com a FIV convencional, endometriose severa e ciclos que utilizam sêmen ou oócitos criopreservados. A taxa de sucesso após o tratamento fica em torno de 50%.

Tratamentos Complementares

Preservação da Fertilidade Masculina (Congelamento de Espermatozoides)

A criopreservação de espermatozoides é um procedimento bem estabelecido e com resultados confiáveis, não apresentando dificuldades particulares.

Geralmente o sêmen é coletado por masturbação, preferencialmente em duas ou mais amostras. O material obtido é congelado a -196 °C  e armazenado por tempo indeterminado.

As principais indicações são os casos em que o paciente será submetido a quimioterapia ou radioterapia, o que coloca em risco sua fertilidade, e nos casos em que o parceiro não estará presente no dia da punção ovariana nos ciclos de Fertilização in Vitro.

Preservação da Fertilidade Feminina (Congelamento de Óvulos)

Técnica inovadora e de excelentes resultados. A preservação da fertilidade em mulheres é possível graças aos benefícios da vitrificação de óvulos.

Nesse caso, as pacientes são submetidas a indução de ovulação nos moldes de um tratamento de Fertilização in Vitro e é coletado o maior número de óvulos possível. Após a captação, os óvulos são congelados em nitrogênio líquido a -196 °C  e poderão ser utilizados no momento oportuno.

Além das mulheres que querem postergar a maternidade sem perspectivas de formar uma prole antes dos 35 anos, o congelamento de óvulos também é indicado para pacientes que serão submetidas a tratamento quimioterápico ou radioterápico, que têm histórico familiar de menopausa precoce, que não desejam congelar embriões, por motivos éticos ou religiosos, e para aquelas que aceitam doar parte dos seus óvulos para um banco de óvulos, com o intuito de ajudar outros casais com problemas de infertilidade.

Congelamento Embrionário

A criopreservação de embriões revolucionou a Fertilização in Vitro e elevou suas taxas de sucesso. Os embriões congelados podem ser transferidos posteriormente, proporcionando às pacientes uma chance adicional de gravidez sem passar pelo processo de estimulação ovariana no ciclo de FIV.

Embriões congelados podem ser mantidos indefinidamente, doados para outros casais ou, após três anos, utilizados em pesquisas de células-tronco embrionárias.

Diagnóstico Pré-Implantacional (PGD)

Tratamento revolucionário utilizado para os casos em que existe uma possibilidade elevada de transmissão de doenças genéticas para a prole. Nessa técnica, embriões são obtidos através de Fertilização in Vitro e mantidos em cultivo por três dias, quando, então, atingem estágios entre seis e oito células. Pela micromanipulação, são retiradas de uma a duas células de cada embrião, que serão analisadas geneticamente por técnicas de biologia molecular. Somente são transferidos para o útero materno os embriões que não tenham a possibilidade de desenvolver as doenças genéticas analisadas.

As principais indicações para utilização do PGD seriam idade materna avançada (37 anos), abortamentos de repetição, falhas sucessivas em ciclos de FIV, anomalias cromossômicas estruturais e mosaicismos.

Doação de Óvulos

A doação de óvulos é o tratamento de reprodução assistida indicado para mulheres que, por algum motivo, não possuem os ovários ou estes não são capazes de produzir óvulos de boa qualidade. Nesse tratamento, os óvulos doados são fertilizados em laboratório pelos espermatozoides do parceiro da mulher que irá receber os óvulos. Após a formação dos embriões, esses são transferidos para o útero das receptoras. A escolha dos doadores baseia-se na semelhança física e a máxima compatibilidade entre doador e receptor (tipo sanguíneo, raça, hobbies).

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina estipulou algumas normas éticas para esse tipo de tratamento:

  • A doação de óvulos é realizada de forma anônima (as receptoras não podem conhecer a identidade da doadora dos óvulos e vice-versa)
  • Não pode haver caráter comercial ou lucrativo.
  • A seleção das pacientes doadoras é de responsabilidade da clínica. As pacientes que irão doar os seus óvulos têm que ter idade inferior a 35 anos, serem saudáveis, não apresentarem nenhum histórico de doença genética e terem exames infecciosos negativos.
  • A principal indicação para a doação de óvulos é a idade materna avançada, devido à queda da qualidade na produção ovocitária após os 35 anos de idade. As demais indicações são: menopausa precoce, mulheres que nasceram com ovários não funcionantes, quimioterapia ou radioterapia, retirada dos ovários por cirurgia, mulheres com doenças genéticas ou falhas repetidas de Fertilização in Vitro.
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